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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Confissões de uma Pastora


PARA ESPOSAS DE PASTORES E PASTORAS

Eu precisava encontrar alguém que me entendesse, nem que este ser estivesse nas Ilhas Galápagos ou em Marte, então comecei a ler na expectativa de achar apoio para as angústias que consumiam minha saúde física e emocional naquele dia.
- Meo Deos, que decepção!
A cada fórum, a cada meditação eu comecei a perceber que o lixo era eu mesmo, que eu não era boa o bastante para estar entre mulheres tão espiritualizadas e perfeitinhas.

Tentei participar, perguntar, abrir meu coração, mas à medida que lia as respostas das “garotas do púlpito” me sentia pior.
Foi péssimo pra mim!
Tudo tão esquisitamente certinho, porcelanizado, bonito, mulheres que nas entrelinhas jogavam luzes no jargão: “Um tapinha não dói, um tapinha não dói”.

Senti raiva! Raiva de mim, por não conseguir compartilhar a postura daquelas figuras estóicas e, me sentindo a escória da pastorada, só pude pensar em duas possibilidades:


1-Ou sou eu o desastre ambulante, uma negação, a antítese do chamado pastoral;
2-Ou aquelas mulheres estão formatadas pela listinha que dita as regrinhas de como ser uma agradável mulher de Deus e a tônica dos seus ministérios é: falar baixo, saber tocar piano e ficar com cara de samambaia de plástico diante de tudo.


As patricinhas de Beverly Heaven, mulheres maravilhosas que poderiam somar esforços para chacoalhar essa geração de crentes idólatras e cheios de vícios eclesiásticos, trabalhando implicitamente (talvez inocentemente) para aumentar ainda mais a falsa admiração pela falsa felicidade radiante de ser Pastora.


Procurei conteúdo e encontrei receitas de bolo.
Procurei misericórdia e achei respostas ensaiadas.

Busquei alívio, mas me senti mais miserável ainda por não desejar esconder meu sofrimento.
MINHA ALMA GRITAVA: Pelamordedeus alguém aí me diga se a caminhada pastoral é solitária pra vocês também. Eu ia mesmo sentir a lâmina do punhal nas minhas costas um dia? Como foi a primeira vez que sentiram dúvida? Estou pecando ao pensar em desistir? Ei, vocês não choram nunca?
Ao que ouvi como resposta: “pssssss...silêncio...estas não são perguntas adequadas para uma esposa de Pastor.”

Quer saber? Às favas com as perguntas adequadas, ao modelo que idealizaram como perfeito. Às favas!

Eu só quero me sentir viva, me sentir gente, poder dizer “não quero” sem por isso me achar um embuste.

Só quero poder admitir que não tenho resposta pra tudo sem ser considerada menos espiritual.

Só desejo ser vista como uma pessoa normal, cujas reações nem sempre tão britânicas dão lugar à profunda transformação que preciso experimentar em Cristo todos os dias.

Mas, isso foi aquele dia, um dia nada bom.
Hoje ando melhor, mais equilibrada, nem por isso mais conformada, mas estou usando óculos à prova de mentiras teatrais a respeito de ser pastora.
Tem dias como aquele, dias nada bons, quando o efeito da droga chamada perfeccionismo ainda bate forte, mas meu Médico traz logo um bálsamo e me enfia goela abaixo.
Bálsamo que bebo, onde me lavo, me atolo, cheiro, esfrego na alma até ficar vermelha: o bálsamo da Sua Graça.
Queridas mulheres do ministério, sejam Pastoras ou esposas de Pastor, diaconisas ou professoras de Escola Bíblica, não aceitem que lhe coloquem na nuvem flutuante do orgulho de ser alguma coisa no Reino de Deus.
Não se permitam fazer parte do sistema que traz a idolatria para dentro da Igreja, deixem que vejam que liderar não é sinônimo de perfeição e que pastores não ouvem Deus falar 24 horas por dia.

Abram portas ao diálogo, às opiniões diferentes, cedam mais vezes, pois sua idéias não são as melhores sempre.
Conheci muitas mulheres que, requerendo honra, se esqueceram que eram apenas servas.
Vi ainda outras vivendo sob o disfarce da resignação, jogando o jogo do contente para mascarar sentimentos de solidão, dúvidas e desânimo.
Muitas estão adoentadas na alma, com síndrome de Lady Di, mas cheias de crises no íntimo.
Eu fui cada uma dessas mulheres e hoje não sou nenhuma delas, luto para ser eu mesma.

DICA QUENTE: Antes de rejeitar o que leu se dê uma boa olhada no espelho e pergunte:“E eu? Tenho sido o que faz o Senhor e a mim felizes ou sou o que todos esperam de um título?”

Por : Pra Roselaine & Pra Carol